O Ensino de Desenho nas Escolas de Arquitetura e a Influência do Computador, de Alexandre Monteiro de Menezes, aborda a problemática do ensino de Desenho que não tem acompanhado o movimento moderno da arquitetura, sobretudo não explorando as novas mídias e softwares em todo o seu potencial criativo.
As citações de Passaglia fazem-nos perceber que, além da inapropriada didática apresentada, o núcleo difusor do uso informático condena-se em deficiência abstracionista, ou seja, não transcende o objeto utilizado bloqueando sua utilização de forma que pudesse acompanhar os últimos acontecimentos de renovação: a criação em detrimento da cópia.
O texto tem como foco a falha geral na orientação acadêmica que implementa o uso dos computadores em suas disciplinas limitando-os a ferramentas de desenho – como fora a prancheta. A mecanização do processo de adesão à informática atrofia a criatividade em busca da rapidez da produção.
Alexandre de Menezes considera que a importância da representação técnica tornou-se enormemente desproporcional ao processo de concepção nos escritórios de arquitetura. Os prejuízos, segundo Cabral Filho, são revertidos em trabalhos pedantes sem horizontes para a própria classe.
Sobre as disciplinas de desenho e o ensino da informática, é citado que os princípios teóricos têm grande importância, mas Alexandre dá a entender que o ensino na prancheta perde seu potencial e poderia ser excluído. Com essa idéia discordo plenamente: se o corpo discente de uma instituição é mesmo tão influenciado pelo mercado de trabalho a ponto de implorar por aulas de CAD, por exemplo, e se esquecer de fontes alternativas, o fato de não exigir o desenvolvimento básico da técnica seria fadar essa instituição à robotização, pois excluiria a atenção ao detalhe que desenhistas manuais desenvolvem, excluiria o ponto de partida para o desenvolvimento de outros softwares e ainda incitaria a infeliz preguiça de raciocinar espacialmente sobre as formas em virtude da praticidade de se obter os cortes e vistas a um clique.
A Escola de Arquitetura da UFMG assemelha-se ao modelo de Alexandre que formaria uma “consciência crítica nos alunos”, pois a disciplina de informática apresenta uma “noção global dos diversos softwares”. Além disso, aqui usufruímos da informática interdisciplinarmente, somos orientados e não moldados, o que apesar de causar muito impacto e receio, permite-nos a descoberta dos próprios talentos (e inaptidões).
Em seu estudo, o autor discute a elitização do instrumento de trabalho e a resistência cultural pela sua adesão – Esse aspecto é tratado em termos óbvios, mas não menos importantes, afinal não é tão comum quem se arrisque em experimentações tecnológicas no Brasil. E o risco caracteriza ponto-chave na discussão quando Alexandre declara abertamente o motivo de não decolarmos: subutilizamos as novidades, temos medo de lançar mão e investir em novos métodos em detrimento dos antigos, resumindo: Não se faz bem nem uma coisa nem outra.
Arrematando, Alexandre de Menezes elabora o atual desafio das escolas de arquitetura, sendo que a partir daí percebe-se que há muito trabalho a fazer, pois o seu sucesso depende da experimentação.